Nos últimos anos, tenho trabalhado com responsáveis de muitas empresas, algumas PME’s. Os contatos com estas empresas têm sido uma singular oportunidade para aprofundar o meu know how sobre os modelos e prática de negócio e de gestão neste segmento empresarial, mas também para confirmar a sua importância para a sociedade portuguesa, em termos económicos, mas também sociais. A minha admiração e o respeito por muitos destes empresários e gestores é enorme, porque, no fim do dia, muitas vezes sós, são eles que proporcionam, com uma criatividade, determinação e resiliência inigualáveis, a oportunidade de muitas pessoas, por vezes famílias inteiras, terem uma vida digna. O Estado deve muito ao que os empresários e gestores destas empresas fazem pela coesão e pelo equilíbrio social no nosso país.
As PME’s são agentes de criação de valor cuja relevância económica e social é já hoje inquestionável, mas que pode ser ainda maior, se estas empresas potenciarem as oportunidades geradas pelas constantes evoluções tecnológicas, dinâmicas das sociedades e mudanças nos comportamentos dos consumidores. Para isso, basta que os seus responsáveis comecem por implementar algumas mudanças nas suas práticas e rotinas do dia a dia, a primeira das quais é, sem dúvida, deixar de tratar e realiza tarefas “urgentes”, muitas vezes “cristalizadas”, sem propósito e de baixíssimo valor acrescentado, para se focarem naquilo que é verdadeiramente importante e crítico para o desenvolvimento das suas atividades empresarias, nomeadamente reflexão, clarificação e formulação da visão e da estratégia de negócio, de modo a redesenharem (se necessário) o seu modelo de negócio, a (re)organizarem a estrutura produtiva e a alinharem, motivarem e comprometerem as pessoas com as metas e os objetivos que pretendem alcançar.
Em muitas destas empresas, o hábito de executar tarefas operacionais no dia a dia está de tal forma enraizada que abandoná-lo, para realizar outras de natureza mais estratégica, tendo em vista assegurar o futuro da empresa e dos negócios, nem sempre é fácil, porque requer que os seus responsáveis comecem por mudar a forma como pensam a empresa e o negócio e só depois passem à ação. O que está em jogo é retirar o foco da operação, quando muito da liderança de equipas operacionais, colocando-o na liderança estratégica, na qual o negócio e a empresa são os faróis que guiam e determinam o pensamento e a ação dos responsáveis por este importante segmento de empresas do tecido empresarial português, reforçando assim o valor económico e social que geram, mas sobretudo potenciando a sustentabilidade do negócio e da própria empresa.
José Duarte Dias
Paradoxo Humano
Managing Partner
jduartedias@paradoxohumano.com